segunda-feira, maio 09, 2005

Eu Maria...

Hoje acordei com disposição para ir fazer compras...tenho dias assim, em que a vontade de andar a ver montras a experimentar roupas e sapatos é superior á vontade de ficar em casa. Hoje tirei uma folga e deixei tudo para trás, saí sem fazer a cama e deixei a janela aberta. Bem sei que poderia sair de uma maneira mais 'normal', ainda olhei para o jeans, mas no fundo gosdo de chocar...acho que já me habituei assim e não consigo ser de outra forma...escolhi uma saia curta onde deixei repousar um cinto com as duas pontas pendentes e a camisola de licra fushia não me deixaria passar despercebida...as socas...sim...levaria as socas, gostava do eco que elas deixavam quando tocavam o chão. Quando saia do elevador quase choquei com um fulano que quase não me deu tempo de sair, parecia que fugia...olhos pregados no chão...pediu um desculpe quase inaudivel e a porta fechou-se tão rápidamente que nem tive tempo de responder...fiquei a olhar para o visor dos andares...estava a descer...ia para a cave...saí...sacudi os cabelos antes de abrir a porta do prédio, o Sr. josé não andava por ali...senti a falta do seu bom dia e do seu sorriso, gostava do homem, era dos poucos que não me falava com segundas intensões...
As horas passaram a correr, como sempre passam de cada vez que estamos a fazer algo de que gostamos...almoçei pela baixa, e acabei por subir a avenida a pé, mesmo pelo meio do jardim que divide os dois sentidos de transito, existem por ali uns quiosques onde decidi tomar um café...e sorri enquanto ali estava com a lembrança de uma frase que ouvira o meu pai dizer centenas de vezes...'Achas o quê? Que anda no Rossio a dar milho aos pombos?'...tinha saudades dele...muitas...
Voltei para casa quando o ceu atingia um tom rosado de final de dia. Cheia de sacos e sacolas, trazia a alma leve e a vontade de me afundar na banheira com aqueles sais de banho que tinha comprado, sempre queria ver se relaxavam como dizia na embalagem. Quando estava a chegar á entrada de prédio reparei no casal que abria a porta da entrada, dei uma corrida para aproveitar a boleia, assim escusaria de ter de procurar as chaves na mala. Acho que foi o barulho das minhas socas a bater no chão que lhes despertou a atenção e os fez olhar por cima dos ombros, ela com um olhar avaliador, como nós mulheres costumamos fazer umas para as outras...o dele...como se soubesse quem eu era...se calhar...não o podia dizer...á muito que deixei de coleccionar rostos, é muito mais fácil apagar...
Agradeci e deixei-me ficar propositadamente á procura da chave dentro da mala como quem vai ver o correio...já o tinha desde manhã...mas consegui o meu propósito...deixá-los subir primeiro no elevador...
Quando saia do elevador chegou-me ao nariz o cheiro de chá acabado de fazer e a tinta...

6 comentários:

Anónimo disse...

Maria, diz-me que chá era.
Adoro chá.
E tinta. Ainda que apenas as das canetas.
Beijo

maria santos disse...

...maça e canela...

Alexandra disse...

Bebo chã acabado de fazer e olho a obra terminada...

[alguém que chega]

Será a vizinha do 5ºC?
E se fosse agora oferecer-lhe uma chávena de chã?

[...]

Catarina Santiago Costa disse...

Estou a adorar este triângulo.
Continuo à espreita no prédio das janelas que talvez venham a tornar-se indiscretas.
Beijos a todos e obrigada

Anónimo disse...

lembro-me de ter aberto a porta do prédio...
perguntei ao "joão" se realmente conhecia esta vizinha...disse-me ja não ter a certeza.
Não acreditei...

Conceição Paulino disse...

passei pela porta do prédio, visitei um dos andares vagos, disse do interesse em alugá-lo, mas nem o senhorio, nem o oprteiro me respondem. Terei k procurar outro andar?k pena...