terça-feira, setembro 06, 2005

"A Carta" por Rita 3º dto


"João,
decidi abrir a janela que dava para a rua, mas desta vez só vi mesmo a rua...tu não estavas lá em baixo, trajado com a tuna, a cantares para mim...
Fiz café, só para sentir o cheiro e imaginar que eras tu que o estavas a fazer como ritual dos nossos serões de leitura...
Não aguento tratar de nós! Não consigo curar as feridas que me fizeste e que eu te fiz. Sou fraca! Não consigo dizer-to frente a frente; não nesta altura; e dizer tudo o que preciso, porque na realidade só quero desabafar...
Ao olhar para estas fotos recordo-me de tudo o que fomos, sinto saudade e talvez por isso trago em mim a certeza de que te adoro.
Guardo dentro de mim o resultado do nosso amor: esta criança vai ser a nossa felicidade, mas não a nossa vida em conjunto. Tenho que admitir que não podemos ficar juntos...tenho tanta pena de não conseguir sentir o "amo-te" que te digo!
Cheguei à conclusão de que somos bons amigos e nada mais.
Vou-me embora. Não para sempre, porque não quero que deixes de acompanhar a minha gravidez... sei que não me perdoarias se o fizesse!
sinto que deambulamos na vida um do outro, já não sei chorar, apetece-me sentir um dos teus abraços apertados, mas na verdade é só o abraço...
A carta, entreguei-a à D.Margarida, num acto ilógico de vingança, queria envergonhar-te, mas acho que quem tem vergonha sou eu...de te olhar nos olhos....e por isso é que me estas a ler e não a ouvir.
Estou a esconder-me...não sei o que fazer.
É tempo de enfrentar a verdade: nunca mais estaremos juntos.
Queria deixar-te algo que te mostrasse o quanto te respeito e que serás sempre "o meu João Trovador": a fotografia do nosso filho!

Rita"

6 comentários:

maresia disse...

independentemente de todas as razões por detrás da tua decisão, o importante é que esteja claro em ti que um filho não pode ser nunca a justificação de manutenção de um relacionamento.

A irracionalidade que nos leva a estas pequenas vinganças, como o são o dar a conhecer uma decisão por carta, evitando os olhos-nos-olhos, são isso mesmo, irracionalidades. E a irracionalidade é irracional, não tem justificação mas também não tem culpas.

Heavenlight disse...

Concordo com a Maresia. Um filho não deve ser uma prisão para um casal, mas penso que o João ainda ama a Rita. Será que esta tristeza por parte da Rita não pode ser fruto de uma depressão própria da gravidez?
Não vás embora...

Drifter disse...

Acho que cada um de vós deverá ser sincero nos seus sentimentos um pelo outro. Acho que devem falar abertamente. Se não o fizerem, nunca a tua decisão será sólida. E não se esqueçam que agora vão ter um filho para criar. A criança precisa de uma base sólida para crescer. Não te vás embora! Estou desejoso de conhecer o vosso filho!
Acho que vou ter uma conversa com o João...

Beijos deste teu amigo,
Mário

Drifter disse...

É sim pedro! A Margarida é a nossa porteira e é a "mar" que lhe dá vida!

Qualquer dúvida a mais, pergunta!

rita disse...

ah ta lindo, gostei mt d ler. as ritas, são todas elas muito corajosas... ^^LOL
um beijo

BlankPage disse...

Desgastes..todos nós os sentimos..principalmente em situações de (de)pressão.