sexta-feira, setembro 16, 2005

A minha solidao

Estendo-me no sofá e fico em silencio a pensar na minha conversa
com a Professora e por mais que eu queira afastar estes pensamen-
tos eles povoam a minha cabeça de tempos em tempos.
Sinto-me só, tal como a Professora pressentiu na nossa conversa...
Fugi para este predio, consegui o ultimo andar (tenho fascinação por
ultimos andares) e pensei que iria esquecer tudo, arrancar do peito a
dor de ter perdido o meu amor!
Já lá vao 4 anos que o Miguel morreu, era meu marido, morreu de
num acidente de automóvel e a partir dessa altura nao consegui mais
viver sequer na mesma cidade
Parti e isolei-me aqui, sem amigos, sem ninguem que saiba o que se
passou e vivo somente para o trabalho.
Preencho os meus dias absorvida pelas reportagens, pelos textos na
redacção e ninguem sabe o que se passa dentro de mim, dentro
deste apartamento, quando estou sozinha. Nao consigo esquecer, nao
consigo ser feliz, a tristeza persegue-me...
Saio de casa e sem saber como, ou ate sei, o carro leva-me ate a
beira mar em busca de algum conforto, o mar sempre foi o meu refugio
quando estou atormentada com algo.
Entro no mar, vestida e sinto a agua fria a trespassar-me os ossos e
isso faz-me acordar deste pesadelo!
Saio em direcção a areia, caio de joelhos e choro perdidamente...
lagrimas salgadas que escorrem pelo meu rosto...
Começa a escurecer e devo voltar para casa, levanto-me e dirigo-me
para o caminho que me leva onde deixei o carro estacionado.
Quando entro no predio, com o cabelo com areia e o rosto conturbado
quero esgueirar-me para o apartamento sem que ninguem me veja,
mas o elevador pára no 10º e entra o Mario; ele diz boa noite, eu
respondo baixando a cabeça e virando-me de lado, mal chega ao 13º
saio rapidamente pronunciando um ate logo apressado!
Vou para o duche e deixo-me la estar ate as minhas lagrimas se
confundirem com a agua que escorre por mim, como se hoje fosse
possível limpar toda a tristeza do meu ser.

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