sábado, setembro 10, 2005

O Esperado Regresso

Fecho o livro e reordeno os apontamentos de Bioquímica. Faltam poucos dias para o exame. Está a ser mais difícil do que eu pensava. Só espero que não tenha sido um erro deixar esta cadeira para Setembro. Estou cansado… Felizmente já acabei a fisioterapia à perna! Já não podia com aquilo!
Levanto-me da cadeira e vou até à janela. Quando é que a Liliana chega de férias?... Sinto-me a corroer por dentro de saudades…
Choveu de manhã, mas agora parece que o tempo está melhor (ou pior, tendo em conta o ano de seca em que estamos). Olho para o relógio: 17 horas. Dá para fazer um intervalo no estudo e ir ver a Rita e o João. Ainda não soube notícias do bebé desde que cheguei.
Saio de casa e entro no elevador. Carrego no botão do 3º andar e espero que o elevador desça, olhando para o tecto e pensando em como a Rita e o João devem estar felizes. O elevador pára. No mostrador electrónico brilha o número 5 a vermelho. Olho desconfiadamente para a porta que se abre. Entra um homem que deve estar na casa dos 30 anos. Relativamente bem arranjado e com aspecto insuspeito.
— Boa tarde! — Digo eu, continuando a observar o meu companheiro de elevador.
— B’ tarde… — Responde ele de forma quase inaudível.
Vejo-lhe um brilho no olhar que me faz desconfiar um pouco. Estudei em Psicologia Médica que o olhar brilhante denuncia um alcoólico.
Não tenho tempo para o continuar a observar, pois o elevador pára no 3º andar. Saio do elevador, despedindo-me do homem, e toco à porta do casal. Nada. Toco outra vez… Não estão… Fico uns momentos parados a pensar no que vou fazer…
Resolvo sair para o jardim que fica aqui perto do prédio. Pode ser que encontre a velha professora cá do prédio. Simpatizo com ela e com os seus gatinhos.
Desço no elevador e chego à porta de saída do prédio. Saio e olho para os dois lados. Nesse momento, uma Renault Espace estaciona no lugar mesmo em frente ao prédio. Abre-se uma porta e o meu coração dá um salto. A Liliana corre na minha direcção e atira-se aos meus braços para me beijar. De olhos fechados, deixo-me absorver pela intensidade do momento. O mundo à minha volta desapareceu… Eu e a Liliana… A Liliana e eu… Nada mais existe… A minha existência entrou num remoinho de felicidade exponencial partilhada com a única pessoa que existe para além de mim.
Até que me lembro de onde estou e me separo devagarinho da Liliana… Por cima do ombro dela, vejo o pai que olha sub-repticiamente para nós.
Pisco o olho à Liliana e dirijo-me ao pai dela. Cumprimento-o respeitosamente com um aperto de mão e dirijo-me para junto da mala do carro de onde a Madalena e a mãe estão a tirar os sacos de viagem. Cumprimento-as e pego no maior saco que encontro. Tento pegar noutro com a outra mão, mas a mãe da Liliana impede-me de o fazer. Sorrio, reclamando que assim fico desequilibrado. Avanço para a porta do prédio e passo pela pequena Joana que sorri ao ver-me passar. Meto o saco no elevador e travo a porta com um saco que a Madalena trouxe. Vou buscar mais dois sacos e, depois de duas viagens para o 2º andar, a Liliana segreda-me ao ouvido:
— Daqui a meia hora no teu apartamento, ok?
Sorrio meio surpreendido com a determinação dela e aceno que sim com a cabeça. Despeço-me dos pais dela e da Madalena e, com um largo sorriso, volto a entrar no elevador rumo ao 10º andar.

4 comentários:

Drifter disse...

Olá Mohini! Ainda temos um ou outro apartamento livre, portanto acho que te podemos acolher! O que é que acham, moradores? Por mim, tudo bem!

Beijos,
MrX

Anónimo disse...

bem parece que as coisas se estão a compor!! ainda bem!! Liliana e Mário dão um sorriso aqui ao prédio!!! :)

quanto À nova inquilina...por mim tudo bem... :) ainda ha espaço! :P

Drifter disse...

Eu estou a fazer uma base de dados para esclarecermos quem está e não está de uma vez por todas. Vou contactar-vos por e-mail para vos pedir informações.

maresia disse...

ai ai ai ai ai ai ai... vejam lá não tenham um acidente dentro de casa... olha que não há fisioterapia que vos ajude depois...

;)