Fecho o livro e reordeno os apontamentos de Bioquímica. Faltam poucos dias para o exame. Está a ser mais difícil do que eu pensava. Só espero que não tenha sido um erro deixar esta cadeira para Setembro. Estou cansado… Felizmente já acabei a fisioterapia à perna! Já não podia com aquilo!
Levanto-me da cadeira e vou até à janela. Quando é que a Liliana chega de férias?... Sinto-me a corroer por dentro de saudades…
Choveu de manhã, mas agora parece que o tempo está melhor (ou pior, tendo em conta o ano de seca em que estamos). Olho para o relógio: 17 horas. Dá para fazer um intervalo no estudo e ir ver a Rita e o João. Ainda não soube notícias do bebé desde que cheguei.
Saio de casa e entro no elevador. Carrego no botão do 3º andar e espero que o elevador desça, olhando para o tecto e pensando em como a Rita e o João devem estar felizes. O elevador pára. No mostrador electrónico brilha o número 5 a vermelho. Olho desconfiadamente para a porta que se abre. Entra um homem que deve estar na casa dos 30 anos. Relativamente bem arranjado e com aspecto insuspeito.
— Boa tarde! — Digo eu, continuando a observar o meu companheiro de elevador.
— B’ tarde… — Responde ele de forma quase inaudível.
Vejo-lhe um brilho no olhar que me faz desconfiar um pouco. Estudei em Psicologia Médica que o olhar brilhante denuncia um alcoólico.
Não tenho tempo para o continuar a observar, pois o elevador pára no 3º andar. Saio do elevador, despedindo-me do homem, e toco à porta do casal. Nada. Toco outra vez… Não estão… Fico uns momentos parados a pensar no que vou fazer…
Resolvo sair para o jardim que fica aqui perto do prédio. Pode ser que encontre a velha professora cá do prédio. Simpatizo com ela e com os seus gatinhos.
Desço no elevador e chego à porta de saída do prédio. Saio e olho para os dois lados. Nesse momento, uma Renault Espace estaciona no lugar mesmo em frente ao prédio. Abre-se uma porta e o meu coração dá um salto. A Liliana corre na minha direcção e atira-se aos meus braços para me beijar. De olhos fechados, deixo-me absorver pela intensidade do momento. O mundo à minha volta desapareceu… Eu e a Liliana… A Liliana e eu… Nada mais existe… A minha existência entrou num remoinho de felicidade exponencial partilhada com a única pessoa que existe para além de mim.
Até que me lembro de onde estou e me separo devagarinho da Liliana… Por cima do ombro dela, vejo o pai que olha sub-repticiamente para nós.
Pisco o olho à Liliana e dirijo-me ao pai dela. Cumprimento-o respeitosamente com um aperto de mão e dirijo-me para junto da mala do carro de onde a Madalena e a mãe estão a tirar os sacos de viagem. Cumprimento-as e pego no maior saco que encontro. Tento pegar noutro com a outra mão, mas a mãe da Liliana impede-me de o fazer. Sorrio, reclamando que assim fico desequilibrado. Avanço para a porta do prédio e passo pela pequena Joana que sorri ao ver-me passar. Meto o saco no elevador e travo a porta com um saco que a Madalena trouxe. Vou buscar mais dois sacos e, depois de duas viagens para o 2º andar, a Liliana segreda-me ao ouvido:
— Daqui a meia hora no teu apartamento, ok?
Sorrio meio surpreendido com a determinação dela e aceno que sim com a cabeça. Despeço-me dos pais dela e da Madalena e, com um largo sorriso, volto a entrar no elevador rumo ao 10º andar.
4 comentários:
Olá Mohini! Ainda temos um ou outro apartamento livre, portanto acho que te podemos acolher! O que é que acham, moradores? Por mim, tudo bem!
Beijos,
MrX
bem parece que as coisas se estão a compor!! ainda bem!! Liliana e Mário dão um sorriso aqui ao prédio!!! :)
quanto À nova inquilina...por mim tudo bem... :) ainda ha espaço! :P
Eu estou a fazer uma base de dados para esclarecermos quem está e não está de uma vez por todas. Vou contactar-vos por e-mail para vos pedir informações.
ai ai ai ai ai ai ai... vejam lá não tenham um acidente dentro de casa... olha que não há fisioterapia que vos ajude depois...
;)
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