quarta-feira, junho 22, 2005

Não consigo partir...

Pedi ao taxista que me deixa-se um pouco antes da entrada do prédio...ainda não escureceu na totalidade e o ar tem aquele peso que adivinha uma trovoada. Não consigo fugir...quero e não consigo...acho que a minha vontade era ser esquecida por todos os que me conhecem, mas não ir para longe...poderia recomeçar mesmo ali...
Recuso a ajuda para me levar as malas até ao prédio...prefiro ser eu a fazê-lo...
Abro os estores e as janelas mal entro em casa, cheira a solidão e isolamento, o meu cheiro antes de ir embora estes dias...recarreguei baterias...deixo-me cair em cima da cama enquanto as sandálias fazem um baque ao cair no chão despido...estou de volta...será que vou conseguir fazer as mudanças a que me propus? Dentro da bolsa o novo telemóvel que apenas a familia e os amigos mais chegados têm o número...dentro da gaveta o velho telemóvel desligado faz tempo...mostrando que quer ser esquecido ou que partiu...preciso de tempo para me habituar á ideia...

2 comentários:

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

Olá Maria, lembras-te de mim? Não nos vemos há 5 anos. A última vez que nos vimos não chegámos a despedir-nos, tive de sair do restaurante por causa de uma chamada de urgência. A minha mulher morreu há 6 meses.Cancro da mama. Estou sozinho. O meu filho está entregue aos cuidados da tia e da avó materna, eu não tenho condições mentais para ficar com ele.Apenas consigo ver a joana quando ele olha para mim e me pergunta pela mãe.Desculpa Maria não devia estar aqui a chatear-te com isto. 5 anos... tanto tempo... gostei de te ver...continuas linda...talvez possamos combinar um café um dia se quiseres....



António

Anónimo disse...

Quando existe uma mudança, tem sempre de se ter em conta o querer da pessoa. O conseguir largar o outro eu, e partir em busca do tal sonho que estará atrás do tão falado arco iris.