quarta-feira, julho 20, 2005

Descalça vai para o mar, maresia leva no corpo.

Faz tempo que não dou notícias. Quando o Mar chama, não há maresia que lhe resista...

Vou começar por continuar o meu comentário a uma frase que me chamou a atenção numa conversa de escadas com a vizinha Mar.

Ir ao Algarve a uma festa é uma forma de estar na vida, aceitar desafios e não ter medo de seguir instintos. Ir ao Algarve a uma festa é só uma alegoria da vida. Uma das alegorias. Partir sem medos de não ficar, aceitar na hora, não olhar para a agenda, deixar-se levar. Gosto disso.

As consequências... na vida há sempre consequências, umas vezes boas, outras vezes más, umas vezes muito boas, outras vezes muito más. Mas com todas aprendemos, crescemos, vivemos. A única consequência irreversível que conheço é a morte. Mas a morte é o primeiro caminho que percorremos quando somos feitos do encontro entre o mais profundo de um homem e de uma mulher. A única certeza que podemos ter na vida, é que um dia morreremos.

Cada vez que parto rumo ao horizonte nunca sei se volto. Mas parto sempre sem hesitação. Com isso perco laços em Terra, com isso ganho forças de gente brava. Posso cruzar-me com um barco pirata em pleno Oceano, mas evito ser levada por um comboio na estação do Monte Estoril. O meu grande mentor de conduta de vida, um dos mais importantes, pelo menos, diz "Na Vida não há Soluções, há Caminhos".

Um dia, estava eu naquelas horas em que o olhar se perde lá muito para além do horizonte, fui acordada por um maço de cigarros atirado ao chão. Não consigo ver nada no chão. Apanhei e li "fumar mata". Pois mata, mas viver também. Foi esta frase doida que me ocorreu na primeira fracão de segundos.

Há um dito cabo-verdeano que diz "depois de sab, morrer ka nada". Tentar explicar sab é o mesmo que tentar explicar saudade. Não há sinónimos, não há uma definição. É qualquer coisa que sabemos e sentimos mas que não se exprime senão no dialecto local. Sab é tudo de bom. "Tudo sab?" pode querer dizer apenas "tudo bem?" um cumprimento simples. Mas pode também significar o que a vida tem de mais belo e mais completo. Correndo o risco de limitar uma palavra tão grande, diria que sab é felicidade. Depois de termos sentido, vivido cada dia como se fosse o último, morrer... morrer não é nada.

Não tenho medo da morte, da minha, pelo menos. Tenho medo de perder fisicamente aqueles que Amo. Mas se às portas do Céu me perguntassem proque ali estava, diria "Já vivi o suficiente". Podemos sempre viver mais, mas Viver a fundo é bem mais infinito.

1 comentário:

Drifter disse...

Carpe Diem...
É uma boa filosofia! Gosto de a seguir, embora às vezes o nosso quotidiano nos tolde a vista para qualquer filosofia. Simplesmente tento viver a minha vida da forma mais tranquila e equilibrada possível. Talvez a festa no Algarve tenha sido um excesso, mas de vez em quando precisamos de excessos. Apesar de tudo, se pudesse voltar atrás, não me meteria nessa situação. Muito menos com a Liliana.

Mário