quarta-feira, julho 27, 2005

Vou...

Não gosto destes dias de verão em que a chuva aparece do meio do nada, não gosto deste cheiro de terra molhada que teima em fazer-me comichão no nariz e tirar-me a calma ao respirar...sinto-me afogueada, custa-me o simples facto de fazer entrar e sair o ar em mim...não gosto...
Talvez por isso me sinta tão irritada hoje...a juntar á dor de cabeça que me acompanha desde que abri os olhos pela manhã...vejo-me no reflexo do vidro do comboio...as olheiras profundas denunciam uma noite mal dormida...o ar demasiado sério que me apresso a desfazer...tento relaxar durante a viagem...
Dou por mim a pensar no convite do António...já o recebi faz dias e propositadamente ainda não lhe respondi...não sei porque o faço...ou então sei...quero ir e não quero ir...o facto do Pedro ter passado lá por casa na noite anterior não me ajuda em nada a decidir...sinto-me culpada...
Não quero chegar ao pé do António e dizer-lhe que ando a dormir com outra pessoa, mas também não quero mentir-lhe e dizer que não ando com ninguém...não me parece certo...não quero afastar o Antonio, mas também não quero perder o que tenho com o Pedro...estou confusa! Passo a vida confusa nestes últimos tempos...o Pedro não quer nenhum relacionamento sério comigo, ainda mais porque sabe do meu passado...acho que gosta da maneira como o sexo acontece entre nós e apenas isso, o António nunca se insinuou de maneira nenhuma, possivelmente até serei apenas eu que já pense dessa maneira, que ele pretenda envolvimento fisico comigo...a verdade é que nunca tentou nada de mais intimo...coitado...eu para aqui com conjecturas e se calhar o rapaz só precisa mesmo de companhia...e depois dizem que são sempre os homens que pensam nisso...dou por mim a sorrir e com o olhar intrigado da senhora que viaja sentada á minha frente...
Vou aceitar o convite do António, está decidido! E depois...nunca fui ao teatro...quer dizer, as vezes que fui ainda andava no liceu e não me lembro assim muito bem delas...por isso não contam...
Agora que resolvi esse assunto fico mais livre para pensar no Pedro...primeiro disse que passava lá em casa, depois nunca mais aparecia...já não contava com ele, acabei por tomar duche e vestir a camisa de noite, puxei as cobertas para trás e fui sentar-me na sala á espera que o sono viesse enquanto passava os canais á procura de algo que me despertasse a atenção...
A campainha tocou quando estava a ser meia noite, apressei-me a vestir um casaco por cima da camisa de noite para abrir a porta.
Tinha cortado o cabelo , já não o via á algum tempo, tinha saudades...foi tudo tão rápido, com ele é sempre tudo demasiado rápido, sem dar conta já estamos abraçados em cima do sofá ou da cama, até mesmo no tapete da sala. Como se assim confirmasse que era por aquilo que apenas ali ia...as mãos em todo o meu corpo, a força que fazia em mim, as marcas que eu sabia que ia ter no outro dia denunciando a brutidade naquela pele sensivel e mais macia...
Mas o que me magoava mais naquilo tudo era quando tudo acabava...menos de cinco minutos era o que lhe bastava para vestir toda a roupa e preparar-se para ir embora depois de eu sentir os seus espamos de prazer...gemia baixinho...tão baixinho qe eu quase não o conseguia ouvir...nunca tinha estado com mais ninguém assim tão silencioso...sem qualquer problema mostrava que estava satisfeito e podia ir embora...quando a minha vontade era ficar ali enrolada nele muito quietinha...
Depois dele sair pensava sempre que devia recusar uma próxima vez...mas também sabia que isso não iria acontecer assim tão depressa...

5 comentários:

Anónimo disse...

as duvidas perseguem qualquer um de nós. Eu acho que deve arriscar em sair com o António, embora me pareça que precisa do Pedro...

Rita (3ºdto.)

Drifter disse...

Eu cá apenas digo que devia olhar bem para dentro de si e compreender o que realmente sente de forma a poder ser sincera consigo própria.

Mário (10º Esq.)

maresia disse...

Não sei bem explicar porquê, mas prefiro estar aqui fechada sabendo que está um Sol esplenderoso lá fora e, que se quisesse, a praia, as ondas, a areia estariam lá disponíveis para os meus devaneios. Detesto trabalhar em dias de chuva, prefiro estar presa entre paredes em dias de Sol. Não me importo nada que chova a potes no Verão, desde que eu esteja de férias. Importo-me que hoje chova e eu tenha de ver as nuvens pela janela.

Vá-se lá entender porquê...

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

:)

BlankPage disse...

Somos duas...