quinta-feira, maio 12, 2005

Sobre o porteiro...

Acabada de chegar de uns dias fora e soube agora da notícia do porteiro…
Fiquei chocada! Simpatizava com ele, apesar de eu morar há pouco tempo

cá no prédio, reparava que ele era muito afável com as crianças, tinha sempre
um saco na portaria com rebuçados que distribuía pelos pequenitos.E como eles
gostavam desse pequeno mimo!
Está cá um inspector, foi por ele que soube, quando entrei no prédio.
Coloco a chave na porta, entro e penso… ele era uma pessoa que vivia sozinho,

nem sabemos se tinha família, provavelmente não, mas também nunca tive muito
tempo para falar com ele, a maior parte das vezes era sempre de fugida. Será que
se tivesse tido mais tempo saberia algo mais sobre ele… interrogo-me e penso
que passo muito tempo ou fora do prédio ou enfiada no apartamento a pintar,
ocupada com os meus pensamentos… e se eu tivesse tido um tempo para falar
com ele, poderia ate ter um filho no estrangeiro, fruto de uma relação fugaz e
o mesmo vivesse com a mãe e não soubesse do paradeiro de seu pai.
Ai a minha imaginação voa nesta altura a uma velocidade luz!
Acendo um incenso e abro a janela da sala, respiro o ar que entra e não me sai

da cabeça esta história… porque será? Eu que até nem tive oportunidade de falar
com ele com tempo, saber um pouco mais da vida deste homem que tinha sempre
para um sorriso pronto desde manhã á noite e, eu falo por mim claro, nunca tive
muito tempo para saber um pouco mais… por trás daqueles olhos que mostravam
muitas vezes um cansaço, uma tristeza, como se algo lá no fundo do coração
teimasse em espreitar!
Não consigo expressar por palavras o que por vezes sentia quando o olhava nos

olhos e sentia a sua solidão, a sua tristeza interior que tentava disfarçar com
o seu sorriso e o cumprimento habitual: bom dia! Sim porque a maior parte
das vezes via-o logo cedo, e achava que não seria um cansaço físico, mas sim
algo interiorizado pelo passar dos dias de extrema solidão.
Estou cansada…vou descansar um pouco para recuperar da viagem. Ate breve.

p.s. não me apresentei…sou a Inês e moro no 13º

2 comentários:

Anónimo disse...

deves estar enganada...neste prédio não existe 13. Od 11º é o último andar

Drifter disse...

Não me parece, anonymous... Há gente que diz ser do 11º e há ainda gente que mora no "último andar". Portanto, o último andar, aqui apenas existe na nossa imaginação. Não sei se o querem definir, no entanto, penso que se o 13º andar está livre a Inês tem todo o direito de o ocupar (se pagar a renda) ;).